

Anos atrás, em uma pequena cidade perto de Granada, minha vida se tornou um pesadelo sem fim. Eu, Isabel, vivi durante décadas sob o mesmo teto que minha sogra, Carmen Fernández, que fazia de tudo para tornar meus dias miseráveis. Naquela tarde, minha paciência acabou: fiz a ele a pergunta que me atormentava há anos: “Por que você me odeia tanto?” Não houve resposta, apenas um silêncio gélido e seu olhar de desprezo. Minha alma estava dilacerada pela dor, e meu coração clamava diante de tanta injustiça.
Naquele dia, como de costume, limpei a casa. Passei aspirador e depois esfreguei o chão, deixando-o brilhando. Então, Carmen Fernández, sentada em sua poltrona, espalhou deliberadamente migalhas de biscoito no chão recém-lavado. Fiquei congelado, sem acreditar no que estava vendo. Ele fez isso de propósito, sem esconder sua malícia.
—Mãe, por que você está fazendo isso? Você sabe que eu já vi isso! — exclamei, segurando as lágrimas.
Ela olhou para mim com desdém e disse:
—Está tudo bem, você vai limpar de novo. Você não vai morrer!
Com um sorriso satisfeito, ele voltou ao seu antigo jornal, que havia lido inúmeras vezes. Engoli minha raiva, peguei a vassoura e juntei as migalhas. Mas por dentro estava queimando. Refugiei-me em outro cômodo para não explodir e depois saí para o jardim, onde o ar fresco acalmou um pouco minha inquietação. Mas o veneno de suas palavras e ações continuou a me corroer.
—Por que você me odeia tanto? —Não pude deixar de perguntar a ela mais tarde, parado na frente dela. O que eu fiz para merecer isso? Eu cozinho, lavo, limpo e visto você! Minha filha, Lúcia, está sempre cuidando de você! Por que tanto ressentimento?
Ele nem se virou. Nem uma palavra, nem um olhar… Apenas sua fria indiferença. Comecei a chorar, incapaz de me conter por mais tempo. Terminei de limpar e comecei a lavar roupa, mas as lágrimas não paravam. Minha vida era um ciclo de humilhação e eu não sabia como escapar.
Meu marido, pai de Lúcia, morreu há muitos anos. Nossa filha tinha apenas oito anos na época. Após o enterro, Carmen Fernández anunciou:
—Você vai ficar aqui. E não ouse ir embora. Não quero que falem mal de mim, como se eu tivesse expulsado você.
Aceitei porque não tinha para onde ir. Meus pais moravam com minha irmã e seus dois filhos, não havendo espaço para nós. Ingenuamente, eu acreditava que com o tempo Carmen e eu iríamos nos entender. Mas o milagre nunca aconteceu. Em público, ela era uma santa; em casa, um tirano. Ela continuou repetindo que eu tinha que obedecê-la.
—Você não vale nada! Quem vai te amar? Nenhum homem notaria você, especialmente se fosse uma garota! Você viverá aqui com Lucia e, após minha morte, esta casa será sua. Mas se você não fizer o que eu digo, deixarei isso para meus sobrinhos, e você ficará na rua.
Eu temia suas ameaças e suportei. Fiz o impossível para que nada faltasse à Lúcia. Carmen Fernández, agora na casa dos noventa, continua desfrutando de excelente saúde. Ele gastou toda a sua pensão com caprichos, exigindo que eu lhe comprasse as melhores iguarias. Percebi meu erro em ficar há muito tempo. Tantos anos de humilhação me destruíram.
Minha Lucía termina a faculdade e em breve se casará com um bom homem. Eles viverão na casa deles e eu rezo para que sejam felizes. Mas dói pensar em mim, em uma vida perdida. Dei tudo pela minha filha e pela minha sogra, e em troca só recebi desprezo e solidão. De onde tirarei forças para sair desse inferno?
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