O céu estava baixo, com nuvens densas e cinzentas, e um vento cortante e gelado soprava das montanhas, farfalhando as folhas úmidas espalhadas à beira da estrada.
John estava na estrada havia mais de duas horas, chamado de volta ao escritório com urgência, e corria para chegar à cidade antes do anoitecer. Ao lado dele, no banco do passageiro, sua pastora alemã, Barbara, estava encolhida, cochilando tranquilamente com a cabeça apoiada nas patas dianteiras.
À frente, seus faróis iluminaram um carro se movendo lentamente, de forma incomum, pela estrada vazia. Instintivamente, John tirou o pé do acelerador.
Ao se aproximar, notou a porta traseira do carro se abrindo e, num piscar de olhos, algo foi jogado na beira da estrada. A porta bateu e o veículo acelerou em direção à chuva fina.

“Você percebeu, menina?”, ele murmurou. Bárbara ergueu a cabeça, alerta, com os olhos fixos no local onde o objeto havia caído.
À primeira vista, John presumiu que fosse apenas um saco de lixo descartado.
Mas então, sob a luz fraca dos faróis, ele o viu se mover.
Sem hesitar, ele parou e desligou o motor.
Ao sair, o frio o atingiu instantaneamente — o vento cortante contra o rosto, a chuva escorrendo pela gola. Seus sapatos rangiam no cascalho molhado enquanto ele se aproximava do objeto com passos cautelosos.
Estava envolto em um cobertor grosso e imundo, firmemente amarrado com uma corda azul. Mas o movimento não era causado pelo vento. Um gemido fraco e de cortar o coração vinha de dentro.

John prendeu a respiração. Ele rapidamente desamarrou o cordão, e o cobertor se abriu, revelando um garotinho, de não mais de dois anos. Estava encharcado, com as bochechas pálidas, os lábios tingidos de azul e os olhos arregalados, cheios de medo. O corpo da criança tremia e seu gemido era quase inaudível.
“Meu Deus…”, sussurrou John.
Sem pensar, pegou o menino no colo, envolveu-o em sua jaqueta pesada e correu de volta para o carro. Barbara se mexeu silenciosamente, abrindo espaço no banco de trás. Inclinou-se, cheirou a criança delicadamente e lambeu sua bochecha gelada.
John sabia que não havia como deixar o menino para trás. Minutos depois, uma ambulância chegou. Os paramédicos agiram rapidamente, e o médico responsável confirmou que a criança sofria de hipotermia grave — mas, felizmente, ele foi encontrado bem a tempo.
Na delegacia, John explicou o ocorrido. Depois de ouvir atentamente, o policial olhou para ele e disse: “Você não tem noção da sorte daquela criança — ou da importância do seu relatório. Já estamos investigando uma mulher que fugiu de um abrigo temporário com o filho de dois anos. Parece que esta pode ser a criança. É um caso difícil. Se você não tivesse parado naquele momento… ele não teria sobrevivido à noite.”
John assentiu silenciosamente, os olhos do menino ainda vívidos em sua mente.

Na manhã seguinte, ele ligou para o hospital.
A enfermeira disse que a criança estava estável e que o Serviço de Proteção à Criança já havia sido acionado.
John desligou e ficou em silêncio. O mundo, pensou ele, era muitas vezes rápido demais, indiferente demais. E, às vezes, não era preciso nada mais do que alguém disposto a parar, a perceber, a mudar o curso da vida de outra pessoa.
Naquela noite, em casa, Bárbara estava deitada em silêncio a seus pés. John estava em pé junto à janela, olhando para o céu escuro e vazio.
Algo havia mudado dentro dele. E, no fundo, ele sabia que deveria estar ali naquela noite. Não havia sido por acaso.
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