Durante três meses, a mãe de Mia a manteve longe, alegando que a casa estava uma bagunça devido às reformas. No início, Mia acreditou, mas, com o passar do tempo, algo não lhe parecia certo. A voz da mãe ao telefone soava cansada e distante. As desculpas pareciam tênues, e o silêncio entre elas — antes preenchido por conversas e risadas diárias — era ensurdecedor. Incapaz de ignorar seus instintos, Mia dirigiu até a casa da mãe numa manhã de sábado. O que encontrou foi perturbador. O jardim estava abandonado.
e aproveitaram ao máximo o tempo que lhes restava. Riram, choraram e compartilharam memórias — até o fim. Sua mãe faleceu nos braços de Mia, sabendo que era amada. E Mia aprendeu que estar presente — especialmente quando é difícil — é a mais verdadeira expressão de amor.
Agarrei o volante com mais força, meus dedos ficando brancos. A voz da minha mãe ecoava na minha cabeça enquanto minha memória repassava todos aqueles telefonemas apressados e desculpas esfarrapadas. “Ah, querida, não posso te receber. A casa está uma bagunça com todas essas reformas.”
Mas três meses sem vê-la? Não era do nosso feitio. Costumávamos ser muito próximas, ela e eu.
Fiquei preocupada com o que havia mudado enquanto esperava em um cruzamento. Mamãe sempre teve orgulho da casa, constantemente ajustando e atualizando. Mas isso parecia diferente.

A voz dela ao telefone ultimamente… ela sempre parecia tão cansada. Triste, até. E toda vez que eu tentava pressioná-la, ela me ignorava. “Não se preocupe comigo, Mia. Como está indo aquele projeto grande no trabalho? Você já conseguiu aquela promoção?”
Eu sabia que ela estava escondendo algo de mim, e deixei passar por muito tempo.
Então, lá estava eu, muito cedo numa manhã de sábado, dirigindo pela cidade porque não conseguia me livrar da sensação de que algo estava terrivelmente errado.
Ao chegar à casa da minha mãe, meu coração apertou. O jardim, que normalmente era o orgulho e a alegria da minha mãe, estava coberto de mato e abandonado. Ervas daninhas brotavam nos canteiros de flores, e as roseiras pareciam não ver tesouras de poda há meses.
“Que diabos?”, murmurei. Desliguei o motor e corri para o portão.

Caminhei até a porta da frente, meus passos ecoando na manhã silenciosa. Quando tentei a maçaneta, ela girou facilmente. Destrancada. Isso não era nada típico da minha mãe.
O medo percorreu minha pele ao entrar. Não havia poeira nem materiais de construção à vista. Nem sinal de lona ou lata de tinta. E que cheiro era aquele? Forte e cítrico. O lugar era limpo demais, estéril demais. Parecia um hospital.
Meus olhos percorreram a entrada, pousando em uma foto familiar na mesa lateral. Éramos nós na praia quando eu tinha uns sete ou oito anos. Eu sorria para a câmera, banguela e bronzeada, enquanto minha mãe me abraçava por trás, rindo.
O vidro estava manchado de impressões digitais, principalmente no meu rosto. Era estranho. Mamãe estava sempre limpando as coisas, mantendo tudo impecável. Mas isso… parecia que alguém tinha mexido na foto muitas vezes, quase freneticamente.
Um arrepio percorreu minha espinha.

“Mãe?”, chamei novamente, mais alto dessa vez. “Você está aqui?”
Foi então que ouvi. Um leve rangido veio do andar de cima.
Meu coração disparava enquanto eu subia as escadas. O silêncio era pesado, me pressionando por todos os lados. Tentei controlar a respiração enquanto caminhava pelo corredor em direção ao quarto da minha mãe.
“Mãe?”, minha voz saiu como um sussurro. “Sou eu. É a Mia.”
Empurrei a porta do quarto dela e o mundo pareceu inclinar-se em seu eixo.
Lá estava ela, lutando para se sentar na cama. Mas isso… isso não podia ser minha mãe. A mulher diante de mim era frágil e magra, sua pele pálida contra os lençóis brancos. E seu cabelo… oh Deus, seu lindo cabelo havia sumido, substituído por um lenço enrolado em sua cabeça.
Mãe? O que… o que aconteceu com você?
Ela me olhou com aqueles olhos castanhos familiares, agora fundos em seu rosto pálido. “Ah, querida”, suspirou. “Eu não queria que você descobrisse assim.”
Tropecei até a cabeceira dela e caí de joelhos. “Descobrir o quê? Mãe, por favor, me conta o que está acontecendo.”
Ela estendeu a mão fina, e eu a apertei entre as minhas. Parecia tão frágil, como os ossos de um pássaro.
O tempo parou e meu mundo se resumiu a quão secos seus lábios pareciam enquanto ela falava e à sensação de vazio no meu peito. Eu não conseguia respirar.
“…fazendo quimioterapia há alguns meses”, concluiu.
“Câncer? Mas… mas por que você não me contou? Por que escondeu isso de mim?”
Lágrimas brotaram em seus olhos. “Eu não queria te incomodar, querida. Você tem trabalhado tanto por aquela promoção. Eu pensei… eu pensei que conseguiria lidar com isso sozinha.”

A raiva explodiu dentro de mim, quente e repentina. “Lidar com isso sozinha? Mãe, eu sou sua filha! Eu deveria ter estado aqui! Eu deveria ter sabido!”
“Mia, por favor”, implorou ela. “Eu estava tentando te proteger. Não queria que você me visse assim, tão fraca e…”
“Me proteger?”, interrompi-a, elevando a voz enquanto as lágrimas turvavam minha visão. “Mentindo para mim? Me mantendo longe quando você mais precisava de mim? Como pôde fazer isso?”
O rosto da mãe se contraiu e ela também começou a chorar. “Desculpa”, soluçou. “Desculpa mesmo, Mia. Achei que estava fazendo a coisa certa. Não queria ser um fardo.”
Subi na cama ao lado dela, tomando cuidado para não empurrá-la muito, e a puxei para meus braços.
“Ah, mãe”, sussurrei. “Você nunca seria um fardo para mim. Nunca.”
Ficamos ali sentados por um longo tempo, abraçados e chorando. Todo o medo e a dor dos últimos meses vieram à tona.
Quando finalmente nos acalmamos, ajudei a mamãe a se acomodar, apoiando-a em travesseiros. Depois, desci e preparei um chá para nós duas, com a mente fervilhando com tudo o que eu havia aprendido.
De volta ao quarto dela, sentei-me na beira da cama e lhe entreguei uma caneca fumegante. “Então”, eu disse, tentando manter a voz firme. “Conte-me tudo. Desde o começo.”
E ela fez. Ela me contou sobre o diagnóstico, o choque e o medo. Como ela começou o tratamento imediatamente, na esperança de vencer antes mesmo que eu percebesse que algo estava errado.
“Mas se espalhou tão rápido”, disse ela, com a voz trêmula. “Quando percebi o quão ruim era, eu já estava muito doente.”
Peguei a mão dela novamente, apertando-a delicadamente. “Mãe, você não entende? Eu te amo. Todos vocês. Até as partes doentes, até as partes assustadas. Principalmente essas partes. É para isso que serve a família.”
Ela olhou para mim, com os olhos cheios de uma mistura de amor e arrependimento. “Eu só… eu sempre fui a forte, sabe? Sua rocha. Eu não sabia ser outra coisa.”

Sorri em meio às lágrimas. “Bem, agora é a minha vez de ser a rocha. Não vou a lugar nenhum, mãe. Estamos juntos nessa, ok?”
Ela assentiu, com um pequeno sorriso nos lábios. “Certo.”
Voltei a morar com a minha mãe no final daquela semana. Também tirei uma folga do trabalho e pedi todos os favores que pude para conseguir o melhor atendimento possível para ela, mesmo que tudo o que pudéssemos fazer fosse mantê-la o mais confortável possível.
Passamos seus últimos dias juntos, compartilhando histórias e memórias, rindo e chorando juntos. E quando o fim chegou, eu estava lá ao lado dela.
“Desculpa, Mia”, ela sussurrou. “Eu queria… Eu nunca te levei para a Disneylândia… Eu prometi te levar para acampar nas montanhas… Tantas promessas que eu quebrei…”
“Não importa.” Aproximei-me dela na cama. “O que importa é que você sempre esteve lá quando precisei. Você sempre soube me fazer sorrir quando eu estava triste, ou consertar tudo quando eu errava alguma coisa.” Funguei. “Não sei o que vou fazer sem você, mãe.”
Seus olhos se abriram e ela sorriu fracamente para mim.
“Você vai ficar bem, Mia. Você é tão forte… minha filha incrível. Eu te amo muito.”
Coloquei meus braços em volta dela e a abracei com toda a força que ousei. Não sei exatamente quando ela se afastou, mas quando finalmente me afastei, mamãe tinha sumido.
Fiquei ali por um longo tempo, tentando me agarrar ao calor do nosso último abraço enquanto soluços me torturavam, repetindo suas últimas palavras em minha mente. Tentando mantê-la comigo, por mais impossível que isso fosse.
Dizer adeus à mamãe foi a coisa mais difícil que já fiz. Mas eu não trocaria aqueles momentos que passei com ela por nada no mundo.
Porque, no fim das contas, é isso que é o amor. É aparecer, mesmo quando é difícil. É estar presente, mesmo nos momentos mais sombrios. É segurar firme e nunca soltar.
Aqui vai outra história: meu nome é Larissa e sou apenas uma mulher comum tentando acompanhar as exigências da vida. Entre o trabalho e tudo mais, às vezes me esqueço de desacelerar e me concentrar no que realmente importa. Mas nada poderia ter me preparado para o dia em que voltei para a casa da minha infância, apenas para encontrá-la reduzida a escombros e minha mãe desaparecida. Clique aqui para ler mais.
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