DEI À LUZ, PERDI MINHA PERNA E LUTEI CONTRA O CÂNCER — TUDO EM MEIO ANO

Seis meses atrás, eu estava decorando o quarto do bebê e tentando decidir entre fraldas de pano ou descartáveis. Eu não sabia que minha vida inteira estava prestes a virar de cabeça para baixo — duas vezes.

Começou com uma dor surda na coxa. Pensei que fosse da gravidez, talvez um nervo comprimido ou ciática. Mas piorou. Depois que minha filha, Liora, nasceu, eu insisti porque queria aproveitar cada momento com ela. Aquele cheirinho de recém-nascida, aqueles dedinhos — eu estava obcecada. Mas a dor só piorava. Certa manhã, eu não conseguia nem embalá-la.

Finalmente fui fazer os exames. O médico entrou com aquela cara. Aquela que diz: “Isso não vai ser fácil”. Era uma forma rara de câncer de tecidos moles — agressivo e de rápida disseminação. Lembro-me de agarrar a beirada da cama do hospital e pensar: Acabei de ter um bebê. Não tenho tempo para câncer.

A quimioterapia começou imediatamente. Meu leite secou. Tive que entregar Liora para minha mãe quase todas as noites porque não conseguia parar de vomitar. Aí o tumor cresceu e atingiu meu fêmur. Disseram que a amputação me daria uma chance melhor. Assinei os papéis sem chorar — não queria que ninguém sentisse pena de mim.

Acordei depois da cirurgia com uma perna só e uma montanha de culpa. Não consegui carregar minha filha. Não consegui correr atrás dela quando ela aprendeu a engatinhar. Não consegui usar o vestido que comprei para a cerimônia de batismo dela.

Mas ainda estou aqui.

Isso foi há três semanas. Comecei a fisioterapia. A Liora está com os dentes nascendo. E hoje de manhã, encontrei algo no meu prontuário que eu não deveria ter visto. Algo sobre um exame que nunca me contaram. E agora não sei se estão escondendo a verdade… ou se estou prestes a enfrentar outra briga.

Eu andava de um lado para o outro na minha pequena sala de estar, equilibrando-me nas muletas, com aquele sinistro documento de tomografia firmemente preso na mão. Meu coração parecia pulsar na garganta. Queria ligar para o meu médico imediatamente, mas hesitei — e se fosse um engano? As linhas do relatório estavam cheias de jargões médicos, mas uma frase se destacava: lesão suspeita no pulmão direito. Não me lembrava de ninguém falando sobre meus pulmões. Todo o meu foco estava na minha perna.

Finalmente, liguei para o consultório do meu oncologista. Eles estavam fechados naquele dia. Minha próxima consulta estava marcada para a semana seguinte, mas eu simplesmente não podia esperar tanto. Meu estômago se revirou com a possibilidade: o câncer teria se espalhado?

Os dias seguintes foram um borrão de noites sem dormir e tentativas de normalidade. Os olhos brilhantes e o sorriso babado de Liora eram as únicas coisas que me mantinham com os pés no chão. Eu a abraçava forte enquanto a alimentava, roçava meu nariz em sua bochecha macia para acalmar meus pensamentos acelerados. Mamãe me ajudava a amamentar tarde da noite quando eu desmaiava de exaustão, tanto física quanto emocional. Eu sabia que ela também estava preocupada. Ela ficava perguntando se eu estava bem, e eu continuava fingindo que estava. Eu não queria adicionar mais uma camada de estresse às nossas vidas já caóticas.

Quando finalmente chegou o dia da minha consulta, senti como se estivesse entrando em um tribunal. Cada corredor do hospital ecoava com lembranças da quimioterapia, da amputação e daquele medo devastador com o qual convivi por meses. Eu praticamente conseguia sentir o cheiro do antisséptico que me cercava há tanto tempo. Desta vez, porém, levei minha cadeira de rodas até o consultório do meu oncologista, porque meu coto estava dolorido demais de uma sessão recente de fisioterapia para conseguir usar muletas a uma distância tão grande.

O Dr. Armitage, meu oncologista, me cumprimentou com a mesma expressão séria, porém gentil. Nem esperei para conversar. “Encontrei um bilhete sobre uma lesão suspeita no meu pulmão direito. É câncer? Por que ninguém me avisou?”

Ele suspirou, parecendo genuinamente arrependido. “Eu queria confirmar os resultados antes de te alarmar. Tem uma pequena mancha no seu pulmão, mas ainda estamos determinando se é maligna.”

A palavra “maligno” me atingiu como uma avalanche, mas me forcei a manter a calma. Pelo menos eu sabia a verdade agora. Outro exame estava marcado para a semana seguinte, seguido de uma biópsia, se necessário.

Os dias seguintes foram surreais. Tentei acompanhar a rotina da Liora, mas cada vez que ela ria ou estendia os braços, eu me pegava pensando se teria saúde suficiente para vê-la crescer. Minha mente mergulhava em lugares sombrios. Para lidar com isso, mergulhei na fisioterapia, determinada a me acostumar com a minha nova perna protética.

No centro de reabilitação, conheci uma mulher chamada Saoirse. Ela havia perdido a perna em um acidente de carro anos antes. Ela era calma e serena, o oposto do meu caos interior. Ela me mostrou pequenos truques sobre como me equilibrar melhor, como girar sem cair e como superar as dores fantasmas que me assombravam à noite. Ela também compartilhou sua história — ela não era apenas uma sobrevivente de trauma; ela era uma mãe solteira que criou o filho depois de perder o marido para um derrame. De alguma forma, ouvir sua história me deu força. Ela havia passado por mais sofrimento do que a maioria das pessoas poderia imaginar, mas lá estava ela, me encorajando a lutar pelo meu futuro.

“Mantenha o coração aberto”, ela me disse certa tarde, enquanto praticávamos a caminhada em uma sala espelhada. “As pessoas vão te surpreender com sua gentileza. E você também, quando perceber o quão forte você realmente é.”

Levei esse conselho a sério.

Uma semana depois, chegou o dia do meu novo exame. Minha mãe me levou ao hospital e nós duas ficamos em silêncio durante a viagem. Já tínhamos pensado em todos os cenários possíveis uma dúzia de vezes. Era isso — a peça final do quebra-cabeça que determinaria se eu precisaria de mais tratamento ou se poderia me concentrar em curar meu corpo como estava.

Liora estava com minha tia, que tinha vindo passar alguns dias para ajudar. Na sala de espera, senti como se todas as paredes estivessem se fechando. O cheiro de antisséptico ardia no meu nariz e as máquinas ao meu redor pareciam mais barulhentas do que o normal. Virei-me para minha mãe e disse: “Não estou pronta para outra rodada de quimioterapia. Não sei se meu corpo aguenta.”

Ela apertou minha mão e sussurrou: “Aconteça o que acontecer, vamos superar isso juntos”.

Finalmente, fui chamado. O exame terminou num piscar de olhos, mas a espera pelos resultados pareceu uma eternidade. O Dr. Armitage entrou, segurando uma pasta. Sua expressão era indecifrável. Tentei me preparar para o pior.

“Boas notícias”, disse ele, e acho que fiquei sem fôlego. “A lesão parece estável e, pelo que podemos dizer, é benigna. Continuaremos monitorando, mas, por enquanto, não parece que o câncer tenha se espalhado.”

Eu não sabia se chorava ou ria. Fui com uma mistura dos dois — lágrimas escorrendo pelo rosto, um sorriso trêmulo abrindo caminho pelas minhas bochechas. Mamãe me envolveu num abraço tão forte que parecia que ela nunca mais me soltaria. Meu corpo inteiro tremia, mas o alívio se espalhou por mim como um cobertor quentinho em uma noite fria.

Nas semanas seguintes, concentrei minha energia em me fortalecer, tanto para mim quanto para Liora. Minha nova perna protética foi desafiadora, mas cada passo parecia resgatar um pedaço da minha vida. Acordei cedo para fazer alongamentos leves, o que ajudou com a dor fantasma. Descobri que massagear o coto antes de dormir reduzia o desconforto noturno e, à medida que melhorava minhas manobras, finalmente me senti confiante o suficiente para segurar Liora nos braços em pé — algo que eu não fazia desde antes da cirurgia.

Quanto mais eu praticava, mais percebia que não estava apenas me recuperando fisicamente. Meu espírito se sentia mais leve. Aquela nuvem escura de ansiedade constante começou a se dissipar. Sim, ainda havia a possibilidade de eu precisar de mais exames e check-ups. Mas isso fazia parte da minha nova realidade — viver com a consciência de que o câncer poderia sempre estar à espreita, mas mesmo assim escolher seguir em frente.

Certa manhã, enquanto eu caminhava cuidadosamente pela sala com Liora nos braços, ela soltou uma risada doce. Ela estendeu a mãozinha e acariciou minha bochecha, e percebi que ela não se importava com minhas cicatrizes, minha prótese ou com o fato de eu me cansar mais rápido do que antes. Ela só me queria.

Fizemos uma pequena reunião para celebrar este novo capítulo — uma mini festa de “vitória”, por assim dizer. Minha mãe fez um bolo de baunilha com cobertura rosa-choque. Alguns amigos próximos da minha infância vieram com flores e balões, e até minha fisioterapeuta e Saoirse apareceram. Levantamos nossas taças (de limonada, principalmente) em um brinde discreto: à sobrevivência, à resiliência e às bênçãos simples que muitas vezes tomamos como certas.

Naquela noite, enquanto colocava Liora no berço, olhei para seu rosto sereno e pensei em quanto tínhamos evoluído em apenas meio ano. As paredes do quarto, antes decoradas com imagens de elefantes em tons pastéis e arco-íris, agora pareciam incorporar toda a jornada. A vida me virou de cabeça para baixo mais de uma vez, mas eu ainda estava ali — ainda de pé, literal e figurativamente, com minha filha nos braços.

Às vezes, não podemos escolher as batalhas que travamos. Não podemos dar pausa quando as coisas saem do controle. Mas podemos decidir como vamos reagir. Houve dias em que eu queria me esconder debaixo das cobertas e chorar até não conseguir respirar. No entanto, cada vez que olhava para o rosto de Liora, encontrava um motivo para seguir em frente.

Se há uma lição que espero que todos tirem desta história, é que a vida pode mudar de repente. Ninguém tem garantia de um caminho fácil. Mas mesmo quando você perde um pedaço de si mesmo — seja um membro, sua saúde ou sua paz de espírito — você ainda pode encontrar um caminho a seguir. Às vezes, é através do apoio da família, de um estranho que se torna um amigo, ou até mesmo do amor inabalável nos olhos do seu filho.

Nunca subestime o poder da determinação e nunca deixe que as circunstâncias o definam. Somos todos mais resilientes do que imaginamos. Seja enfrentando um susto com a saúde, uma perda ou qualquer dificuldade importante, saiba que você tem força para seguir em frente. Você pode se surpreender com o que pode superar.

Obrigada por ler minha história. Se ela tocou seu coração, compartilhe com alguém que precise de um pouco de esperança. E se ela te fez acreditar um pouco mais na sua própria força, curta e divulgue. A vida pode ser imprevisível, mas juntos, podemos lembrar uns aos outros que sempre há motivos para ter esperança — e que o amor é mais forte do que qualquer obstáculo que enfrentamos.

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